OPINIÃO DO TP

Hidrômetros em Candiota

Para quem esperava um debate aprofundado, com gráficos, apresentações em power point e dados técnicos, se decepcionou um pouco com a audiência pública esta semana na Câmara de Candiota.

Não há sistema de distribuição de água tratada no planeta que seja viável e eficiente, tanto economicamente, como socialmente, se não houver a colocação de hidrômetros em cada local de consumo. E isso não é numa visão de cobrança apenas (de faturamento financeiro), porque esta questão pode até ficar em segundo plano, é que qualquer gestão de alguma coisa, ainda mais de água tratada, prescinde de controle, de saber qual o tamanho do consumo por hora, por dia, por mês e por ano. Num sistema de água que busque eficiência, são os hidrômetros que fazem esta medição de forma precisa e que vão possibilitar aos gestores o planejamento de ações. As palavras hidrometria e hidrômetros quase não foram ouvidas (se foram) durante a audiência pública.

O TP insiste na tese dos hidrômetros porque essa é uma visão dos especialistas. Mesmo para se fazer isenções, gratuidades para as pessoas mais pobres, é preciso que nas casas delas tenha hidrometria para saber a quantidade de água que consomem.

Os hidrômetros, além de cientificamente reduzirem o consumo de água em 50% (olhem o número, reduz pela metade o consumo e portanto, a produção), são sinônimos de justiça, ou seja, quem consome mais, vai pagar mais e o contrário também ou até mesmo terá gratuidade pelo seu consumo consciente e baixo. Quem tem piscina, dois ou três banheiros, rega gramado e jardim com água tratada, lava calçadas e carros, pagará por isso ou então economizará para não pagar. Mas como saber disso se não há controle. Em Candiota não se ideia de quem consome mais ou menos água.

Além de tudo, o desperdício, que hoje é evidente, com milhares de vazamentos internos nas residências e estabelecimentos comerciais, será detectado e corrigido assim que se instalar os hidrômetros. Quando isso ocorrer, sobrarão recursos para investimentos.

Como já dito, enquanto o debate não enveredar para isso, seguirá, assim como já foi nesses últimos 30 anos, o processo inglório de se enxugar gelo.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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