O carvão e as eleições 2022

O Partido Democrático Trabalhista (PDT), segundo anunciou o vereador e líder da bancada do partido na Câmara nesta segunda-feira (12), Guilherme Barão, liberou seus filiados e militantes para votarem em quem bem entenderem para presidente da República. O motivo é por conta de uma declaração do candidato deles, Ciro Gomes, que se disse, conforme Guilherme (o TP não checou a informação), contrário às termelétricas a carvão.
A atitude, se olhada friamente, é bem ousada, pois se analisarmos, nenhum candidato ou candidata a presidente fez qualquer declaração em defesa do carvão. Se olharmos com um pouco mais de atenção, todos, inclusive os candidatos a governador, apontam um caminho energético sem o carvão mineral.
Faltam menos de 20 dias para o pleito, cabe ainda alguma atitude política da região em relação aos candidatos e candidatas, tanto a presidente, governo do Estado, Senado, Assembleia e Câmara Federal, sobre o carvão.
Vivemos numa faixa de fronteira, empobrecida, com índices sociais e econômicos comparáveis ao Norte e Nordeste. De Pelotas a Uruguaiana, portanto em mais de 500km, Candiota é o único polo industrial.
Getúlio Vargas, Jucelino Kubitschek, João Goulart (Jango) – que inaugurou Candiota I, Emílio Médici – que inaugurou a Fase A de Candiota II, João Batista Figueiredo, Luis Inácio Lula da Silva (Fase C) e Dilma Roussef (UTE Pampa Sul, por conta da crise hídrica), foram presidentes que tiveram seus mandatos marcados por incentivos ao carvão.
Durante o mandato de Michel Temer e o início de Jair Bolsonaro, a Pampa Sul foi concluída, porém Temer retirou a possibilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em financiar novas usinas a carvão – medida que ainda perdura. Durante o atual governo Bolsonaro se iniciou um debate para uma política pública para o carvão, porém ainda sem um avanço mais significativo, ressalvando que houve desfecho positivo para Santa Catarina, mas ainda há muita incerteza em relação ao futuro da Fase C a partir de dezembro de 2024. Também no atual mandato foi realizada a privatização da Eletrobras, sendo que a Usina de Candiota é da CGT Eletrosul, que pertence ao grupo Eletrobras. O que os novos donos irão fazer, ainda não sabemos.
Compreendemos as dificuldades em relação ao futuro, mas não podemos perder a perspectiva e vacilar em relação ao uso do carvão mineral. A transição energética é para nós uma história para dormir (um canto de sereia) e que não temos que engolir passivamente. Seguiremos em luta e em defesa de nossa maior riqueza.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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