Um acordo global para eliminar o uso de carvão como fonte de energia acabou enfraquecido na última semana, após os países que mais consomem o combustível no mundo – China, Índia e Estados Unidos – não aderirem à iniciativa. O Brasil, o Japão e a Austrália, entre outros, não assinaram também. Além disso, o acordo não é vinculante e permite no mínimo uma década de transição para a eliminação gradual da fonte de energia.
O fim do uso do produto era uma ambição do Reino Unido na Conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia, contudo acabou frustrado.
Mais de 40 países, incluindo Canadá, Polônia, Coreia do Sul, Ucrânia, Indonésia e Vietnã, anunciaram que vão interromper a queima de carvão para geração de eletricidade. Dentre estes, mais de 20 países anunciaram pela primeira vez a meta de eliminar o uso do carvão.
No entanto, o número de signatários e os prazos dados para a interrupção da queima de carvão estão muito aquém das metas originalmente propostas por Alok Sharma, o ministro britânico que é presidente da COP26.
A Austrália disse que venderá carvão por “décadas no futuro”, depois de também rejeitar o pacto destinado a eliminar gradualmente, esse combustível fóssil. “Dissemos muito claramente que não fecharemos as minas de carvão e não fecharemos as centrais elétricas movidas a carvão”, declarou o ministro australiano de Recursos, Keith Pitt, à rede nacional ABC.
O ministro australiano antecipou que a demanda por carvão vai crescer até 2030.”Se não ganharmos esse mercado, outros vão fazer isso”, disse ele.
No Brasil, em agosto deste ano, o governo federal lançou um programa para o uso sustentável do carvão, especialmente aqui no Sul do Brasil, que concentra a maior parte das reservas aferidas. O programa tem como objetivo atrair cerca de R$ 20 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos.
*Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso