NOVO PDV DA ELETROBRAS

Senergisul teme que todos os funcionários concursados da Usina de Candiota peçam demissão voluntária

Eletrobras lançou plano nesta semana com previsão de mais de 1,5 mil adesões

Usina conta atualmente com cerca de 200 trabalhadores concursados Foto: Arquivo TP

A Eletrobras lançou na terça-feira (20) o seu novo Plano de Demissão Voluntária (PDV), o segundo desde a privatização da Companhia, ocorrida em junho de 2022. O PDV está sendo implantado nas empresas Eletrobras com a previsão de saída de até 1.574 colaboradores – incluindo os da Usina de Candiota – e integra os compromissos previstos no acordo coletivo de trabalho.
As estimativas para o custeio global variam entre R$ 450 milhões e R$ 750 milhões, com um payback (cálculo que permite saber em quanto tempo os lucros trazidos por um investimento cobrirão o valor aplicado inicialmente) similar aos planos anteriormente praticados.
O período de inscrição para colaboradores interessados vai até 21 de julho de 2023, e os desligamentos ocorrerão a juízo e conveniência da Companhia, haja vista o compromisso inarredável com a excelência, segurança das pessoas e das operações, formação de sucessores em áreas críticas e gestão de conhecimento.
O lançamento do PDV associa-se a medidas de otimização de custos e despesas operacionais, ao Plano Estratégico 2023-2027, além de viabilizar maior aderência a nova estrutura organizacional da companhia que está em fase final de modelagem e implantação.
CANDIOTA – O PDV causa impactos diretos em Candiota devido a Usina que pertence a CGT Eletrosul. O jornal conversou com a diretora do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Cristina Gonzales, que ressaltou que quanto ao Plano de Demissão Voluntária, o Sindicato não pode opinar, cada pessoa decide se vai aderir.
Ela, porém, mostrou preocupação com o futuro do município e região em decorrência da adesão ao PDV. “Estamos em um momento de incertezas, sem luz no fim do túnel, sem saber que caminhos seguir. É triste, preocupante e desgastante o que está acontecendo. Hoje temos uma previsão de cerca de 200 funcionários da CGT Eletrosul que podem aderir, ou seja, todos os concursados. Com os terceirizados, temos em torno de 2 mil pessoas trabalhando direta e indiretamente, fora as famílias dessas pessoas e o impacto que vai causar na região, em lojas, comércio e construção civil devido ao abalo também no preparo de cimento em razão da cinza”, disse Cristina.
A diretora ainda completou: “Com o provável fechamento da Usina e muita gente aderindo o PDV como fonte de salvação, pois tenho receio de que muitos venham a aderir, pode ocorrer a precarização dos serviços e insegurança no trabalho por pessoas que não estão acostumadas, treinadas, capacitadas ou habilitadas para desempenhar a função. Podemos fazer um comparativo com o que ocorreu com a transição da CEEE para Equatorial, muitos acidentes e pessoas despreparadas trabalhando.
Enquanto um operador leva anos para se tornar de fato um operador, na privada não se costuma ter o mesmo cuidado”.
Cristina finaliza com um questionamento. “O PDV pode ser salvação para alguns, mas que preço vai se pagar pra isso? Difícil de falar e avaliar. A região não merece, muito menos os trabalhadores”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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