SAÚDE ANIMAL

Pedras Altas confirma caso de raiva bovina e técnico alerta para importância da vacinação

Produtor que teve os animais atingidos conversou com o TP, que explicou a atenção que todos devem ter

A raiva é transmitida através da mordida do morcego já contaminado pela doença Foto: Divulgação TP

Na última semana, foi confirmado caso de raiva bovina em uma propriedade rural de Pedras Altas. Conforme apurado pela reportagem, o material de um dos animais mortos foi encaminhado para necropsia no Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e então confirmado pelo Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) de Porto Alegre.

O jornal conversou com o produtor rural Zélio Dias, que contou que a doença afetou 34 bovinos e dois equinos da sua propriedade. Segundo ele, os cavalos apresentaram os mesmos sintomas, mas não foram submetidos ao exame. Além disso, como a raiva não tem tratamento curativo, todos os animais doentes morreram. Nesta quarta-feira (22), ele informou que todo o rebanho já recebeu imunização – única forma de combater a doença, então acredita que a situação esteja controlada, visto que o último caso ocorreu há cerca de 10 dias.

SINTOMAS – Conforme relato do produtor, o principal sintoma identificado foi a dificuldade que os animais estavam apresentando para levantar. “No final de dezembro desmamamos um lote de terneiros e colocamos na mangueira com ração e água. No terceiro dia, dois terneiros adoeceram com dificuldade para levantar e no dia seguinte mais cinco amanheceram ruins.Inicialmente achamos que tinha relação com a troca de alimentação. Cheguei a pensar em raiva pelos sintomas, mas como estava atacando apenas os terneiros desmamados, não tinha ocorrido nenhum caso em outros animais, ficamos achando que não era. Com o passar dos dias adoeceram mais animais, inclusive de outras categorias, e aí voltamos a pensar em raiva”, disse.

Este é um dos animais infectados. Ele perde a coordenação e o equilíbrio principalmente das patas traseiras Foto: Divulgação TP

SOBRE A DOENÇA – O TP conversou com Wilson Hoffmeister Junior, médico veterinário, fiscal estadual Agropecuário e coordenador do Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI) para trazer mais informações sobre a doença que deixa a região em alerta. Segundo o profissional, a raiva é transmitida para os animais bovinos, equinos e suínos pelo morcego hematófago -aquele que se alimenta de sangue desses animais.“O morcego precisa também adoecer com a doença raiva e, no momento que ele morde o animal para se alimentar, o vírus é transmitido através da sua saliva. Esse vírus vai caminhar pelo sistema nervoso central do animal e se multiplica no cérebro.

Esse tempo entre o vírus se deslocar e se multiplicar é o período de encubação, que pode durar de 45 a 60 dias. O animal muito jovem pode ser um pouco antes”, explicou.

SINAIS DE ALERTA – Segundo o médico veterinário, começa a ocorrer exatamente o que foi descrito pelo produtor rural de Pedras Altas.“Ele pode perceber que os seus animais estão sendo mordidos porque de manhã cedo, quando ele vai ver os seus animais, vai encontrar uma marca pequena de mordedora, além de sangue escorrendo no pelo. O morcego fica em volta dessa ferida, lambendo esse sangue, e depois levanta voo e sai; às vezes até um outro morcego vai na mesma mordida para se alimentar. Já o animal mordido começa a ficar sem coordenação, perder o equilíbrio, daqui a pouco ele começa a cair e não levanta mais. Ele perde principalmente o movimento das pernas traseiras e vai ter dificuldade em engolir saliva, então vai ficar babando”, disse. Conforme Hoffmeister, geralmente esse curso demora de 5 a 7 dias, do início de sintomas até o animal morrer.

O QUE FAZER – Ainda de acordo com o coordenador, sempre que o produtor suspeitar da doença ou identificar onde estão os morcegos, é importante que procure a Inspetoria Veterinária do seu município. “Quando chega essa informação nós definimos quem vai atuar, porque existem as equipes que fazem só a captura, então eles vão revisar esses locais indicados pelo produtor e capturar os morcegos; da mesma forma, se tiver algum animal doente que venha a óbito, é preciso que seja coletado o cérebro desse animal – única forma para se obter um diagnóstico preciso e definitivo”, explicou. Além disso, conforme afirmou, essas ações não geram nenhum custo ao produtor rural.

PRÓXIMAS ETAPAS – Com o caso confirmado em Pedras Altas, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI) disse que nos próximos dias já deve haver uma equipe vistoriando os refúgios dos morcegos pela região e faz o alerta para a questão da vacinação. “A partir desse caso, além de Pedras Altas, é importante que os municípios próximos também vacinem seus animais. A vacina tem um custo baixo, para se ter ideia, no ano passado, 25 doses custavam em torno de R$ 30.

Então é importante que isso seja feito agora para não atingir outros rebanhos”, afirmou o coordenador do Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros. Segundo ele, é necessária uma dose do imunizante e aguardar pelo menos 21 dias para a segunda dose. Só assim o organismo do animal poderá se defender da doença.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

Comentários do Facebook